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11/out/2013

Prêmio Internacional

Dermatologia do HC recebe Prêmio Internacional na Bélgica

O Estudo "Análise espacial focando na transmissão de hanseníase entre crianças de uma área hiperendêmica da Amazônia Brasileira", parte dos trabalhos de doutorado do professor Josafá Barreto da Universidade Federal do Pará, orientado pelo professor Cláudio Salgado, coordenador do Laboratório de Derma-Imunologia (LDI), foi agraciado com o Prêmio Jovem Cientista pela melhor apresentação oral no tema Epidemiologia e Controle, durante o Congresso Internacional de Hanseníase.  O evento realizado no último mês de setembro em Bruxelas, na Bélgica, teve como tema "Hildden challenges" (Desafios Ocultos). Esse trabalho conta com a participação do professor Marco Andrey Cipriani Frade, da Divisão de Dermatologia do Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP e atual Presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, que desde 2010 coordena uma das equipes e tem levado a campo no interior do Pará, vários alunos da FMRP-USP e residentes da dermatologia do HCFMRP-USP.

A premiação é uma consequência de um trabalho feito com muita dedicação, que tem trazido resultados expressivos para aquela região ainda hiperendêmica para hanseníase no Brasil."Estamos felizes pelo reconhecimento internacional no evento, que contou com 900 participantes de 83 países e mais de 500 trabalhos apresentados, afirmam os pesquisadores".

Durante a pesquisa, os professores Marco Andrey e Cláudio Salgado, dermatologistas e hansenólogos, viajaram com suas equipes para diversos municípios do interior do Pará, com o objetivo de examinar pessoas que foram afetadas pela hanseníase, seus contatos próximos e estudantes da rede pública de ensino fundamental e médio. Nessas visitas os indivíduos são examinados clinicamente e tem amostras de sangue coletadas para dosagem do anticorpo anti-PGL1 (específico para hanseníase) cujos níveis altos, relacionados à alta carga bacilar, tem se mostrado também como importante indicador epidemiológico de casos doentes, ou seja, a chance de você encontrar um indivíduo doente dentre os comunicantes de um indivíduo com anti-PGL1 positivo é três vez maior que dentre os comunicantes de um anti-PGL1 negativo.

A partir desses dados sorológicos e o georreferenciamento, segundo os pesquisadores, os mapas gerados pelo estudo identificaram as áreas de maior risco de transmissão e prioritárias para as estratégias de controle da hanseníase nos municípios estudados.

Segundo professor Marco Andrey, a premiação vem consolidar a qualidade da pesquisa e da parceria que temos realizado no Pará. Além disso, o trabalho é uma importante oportunidade de ensino prático da medicina dentro de uma realidade sócio-econômica bastante distinta da nossa, o que muito sensibiliza nossos alunos, aumentando o interesse e o envolvimento com os pacientes e, consequentemente, ampliando os conhecimentos sobre a doença hanseníase.

O projeto contou com a participação de outros pesquisadores e profissionais da saúde, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, aluno de pós-graduação e de iniciação científica da UFPA e os agentes comunitários de saúde dos municípios visitados. Também colaboram com o trabalho as instituições (URE Macello Candia, SESPA, Instituto Lauro de Souza Lima, Colorado State University e Emory University).

Destaca-se ainda o envolvimento direto do Centro de Referência Nacional de Dermatologia Sanitária com enfoque em Hanseníase do Hospital das Clínicas da FMRP-USP, que mantém convênio com o Ministério da Saúde e tem proporcionado essas expedições à Amazônia paraense, como nossa próxima viagem a Breves, sul da Ilha do Marajó, no final desse mês.

A pesquisa recebeu suporte financeiro de diversas instituições, como Capes, CNPq, DECIT/Ministério da Saúde, Fundação Amazônia Paraense e Order of Marta.